A Flux 4D na minha vida. By Silvia Marcuzzo

 

Em 2012, estava cobrindo a Rio+20, para o meu blog no portal Mercado Ético, e encontrei em frente ao Forte de Copacabana Aron Belink. Perguntei o que ele estava achando do evento e que novidades ele teria para me contar. E falou um pouco, antes de ir embora, puxou de sua bolsa o livro “Desejável Mundo NOvo”, organizado pela Lala Deheinzelin. E disse: bem interessante esses aspectos abrodados nesse livro, vale conferir, acho que aí tem novidades. De volta à POrto Alegre, li o livro e fiquei encantada com o futurismo proposto pela autora. Tanto que até fiz uma palestra, Ecos da Rio+20, onde o livro foi citado. Também fiz uma apresentação sobre a publicação na cadeira que estava frequentando como aluna especial do Pós graduação do Programa de Desenvolvimento Rural da Ufrgs.

Até que na Primeira Conferência de Turismo Criativo, realizada no Theatro São Pedro, em 2013, assisti a palestra da Lala e saí feliz da vida, porque compreendi que através da criatividade, na possibilidade de unir saberes da arte, da cultura, poderiam ser potencializados e valorizados os aspectos socioambientais de uma região ou cidade.

Depois que compreendi os preceitos da Flux, pois fiz parte da segunda edição da formação,percebi que tinha que sair da zona da queixa, do pessimismo (mudar o campo mórfico) para dar valor aos recursos disponíveis que tinha. ANtes reclamava muito de Porto Alegre (fiquei muitos anos trabalhando em projetos fora do RS), de não conseguir fazer nada aqui. COm os trabalhos em baixa, tive coragem de me lançar como artista, pois faço cerâmica desde 1996, e fui selecionada para participar de uma coletiva de arte da associação de artistas do RS. Depois disso, participei de outras iniciativas envolvendo a arte. Também liderei um movimento para evidenciar a necessidade de melhorias no Atelier Municipal em Porto Alegre.

Mas foi com a participação no POA INquieta, um movimento para fortalecer iniciativas de inovação, criatividade na Capital Gaúcha, em outubro de 2018, que me senti empoderada para colocar em prática os ensinamentos da Flux. Cheguei em um grupo onde não conhecia praticamente ninguém, criei o spin Sustentável em dezembro do ano passado. Hoje esse spin e seus grupos são os mais atuantes do movimento em Porto Alegre. Nós montamos uma rede de pessoas que trabalham em diferentes áreas, mas querem valorizar as coisas boas que temos aqui. Alguns exemplos disso foram a oficina sobre Futuros desejáveis para POrto Alegre na Virada Sustentável, a Festa-feira (que organizamos em 13 dias), as visitas a locais da periferia que estão dando exemplo de colaboração e organização (CEA Vila PInto e COoperativa Justa Trama) e o Tour Sustentável pelos bairros Lomba do PInheiro e Restinga.

No POA INquieta, consigo exercer minha liderança “fluxonômica”, sempre atenta ao campo, aos recursos disponíveis, usando, arte, comunicação, facilitação de grupos e prática da colaboração e compartilhamentos. COmo estou ampliando muito a minha rede de contatos e também reestabelecendo vínculos com pessoas que me conheciam, estou me sentindo mais segura para empreender no meu proprio negócio de consultoria socioambiental.

Depois desse processo, também consegui editar e lançar o livro de poesias da minhã mãe em maio deste ano. Ela escreveu poemas de 1991 à 2009, que estavam guardados em uma gaveta. Percebendo aquele precioso recurso desperdiçado, digitei os melhores poemas e consegui publicá-lo em um livro. E o melhor de tudo foi o lançamento, com a minha mãe animada (antes estava deprimida, só ia da cama para o sofá) declamando poemas e autografando o livro. Uma das minhas fontes de inspiração para fazer isso, foi o contato com o projeto Amaridades, também inspirado na Flux. Hoje minha mãe está bem mais alegre e esperta.

Foram muitas coisas que a Flux me influenciou nos últimos tempos, que é difícil de enumerar, posso confessar que me permitiu sair do pensamento linear para o exponencial.

 

Fiz uma reforma no meu escritório, foi mais ou menos um ano me desfazendo de livros e objetos para transformá-lo em um local com uma mesa grande pra fazer projetos com outras pessoas, dar cursos etc. Também me assumi como repórter, fazendo entrevistas ao vivo nas redes sociais, não me importando mais que não estavam em um veículo formal para fazer o que gosto, bem na linha do “feito é melhor que perfeito”. Eu realmente posso dizer que sou uma pessoa mais realizada depois de ter conhecido a Flux e as pessoas incríveis que ela colocou no meu caminho.